Operação Greenwashing acontece simultaneamente em Rondônia, Amazonas, Mato Grosso, Paraná, Ceará e São Paulo — Foto: Reprodução/Polícia FederalOperação Greenwashing acontece simultaneamente em Rondônia, Amazonas, Mato Grosso, Paraná, Ceará e São Paulo — Foto: Reprodução/Polícia Federal

Na manhã desta quarta-feira (5), a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Greenwashing, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa suspeita de vender cerca de R$ 180 milhões em créditos de carbono provenientes de áreas da União invadidas.

A ação da PF está cumprindo cinco mandados de prisão preventiva e 76 de busca e apreensão nos estados de Rondônia, Amazonas, Mato Grosso, Paraná, Ceará e São Paulo. Os mandados foram expedidos pela 7ª Vara Federal da Seção Judiciária do Amazonas.

Medidas Cautelares e Ações Policiais

Além dos mandados de prisão e busca, foram decretadas:

  • 108 medidas cautelares diversas da prisão;
  • 8 suspensões do exercício da função pública;
  • 4 suspensões de registro profissional no CREA;
  • 7 bloqueios na emissão de Documentos de Origem Florestal (DOFs);
  • Sequestro de R$ 1,6 bilhão.

Investigação e Fraudes Fundiárias

As investigações revelaram fraudes fundiárias que se estenderam por mais de uma década, começando no município de Lábrea (AM). O esquema envolvia a duplicação e falsificação de títulos de propriedade, resultando na apropriação ilegal de cerca de 538 mil hectares de terras públicas.

Segundo a Polícia Federal, os crimes identificados incluem:

  • Emissão de certidões falsas por servidores da Secretaria de Terras do Estado do Amazonas (Sect/AM);
  • Sobreposição de registros;
  • Apropriação indevida de terras públicas.
Organização criminosa é suspeita de comercializar aproximadamente R$ 180 milhões em créditos de carbono ilegais — Foto: Reprodução/Polícia Federal

Exploração Ilegal e Danos Ambientais

Entre 2016 e 2018, a organização criminosa passou a reutilizar títulos de propriedade e inserir dados falsos no Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF), com a colaboração de servidores públicos e responsáveis técnicos. Além disso, a organização foi responsável por:

  • Exploração florestal e pecuária em áreas protegidas;
  • Criação de gado “fantasma” para áreas com restrições ambientais;
  • Venda de créditos virtuais de madeira;
  • Obtenção de licenças ambientais fraudulentas.

Mais de um milhão de metros cúbicos de madeira em tora foram explorados, causando um dano ambiental estimado em cerca de R$ 606 milhões. A organização também obteve aproximadamente R$ 820 milhões em terras griladas.

Apoio Institucional e Colaborações

A Operação Greenwashing contou com o apoio de diversas instituições, incluindo:

  • Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra);
  • Receita Federal do Brasil (RFB);
  • Agência Nacional de Aviação Civil (Anac);
  • Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama);
  • Acadêmicos e profissionais de registro de imóveis.

Investigações em Manaus

Em Manaus, a PF esteve na casa de João Coelho Braga, conhecido como Braguinha, em um condomínio na zona centro-oeste da capital. Braguinha foi secretário estadual das Cidades e Territórios no primeiro governo de Wilson Lima, no Amazonas, entre 2020 e 2022, e acumulou a função como secretário de Habitação. Ele também foi chefe da Casa Civil de Amazonino Mendes na Prefeitura de Manaus entre 2008 e 2012 e exerceu a Secretaria de Infraestrutura no governo do estado, além da Secretaria Extraordinária no governo de José Melo.

A Operação Greenwashing representa um grande passo na luta contra crimes ambientais e fraudes fundiárias, protegendo o meio ambiente e as terras públicas brasileiras.

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