Nicolás Maduro assumiu nesta sexta-feira (10) seu terceiro mandato como presidente da Venezuela, em uma cerimônia realizada em Caracas. A decisão, marcada por protestos internos e tensões diplomáticas, reacendeu debates sobre a legitimidade do processo eleitoral.
As eleições de julho de 2024 já davam sinais de conflitos. María Corina Machado, principal opositora de Maduro, teve sua candidatura barrada, e Edmundo González surgiu como alternativa para a oposição. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou Maduro como vencedor com pouco mais de 50% dos votos, mas a oposição garantiu que González obteve quase 70%, baseado em atas coletadas em locais de votação.
A oposição, com o apoio de fiscais e eleitores, disponibilizou as atas em um site e organizações internacionais validaram os documentos. Apesar disso, o CNE se recusou a apresentar os documentos oficiais, levantando suspeitas de fraude. A situação levou milhares de venezuelanos às ruas no dia seguinte à votação. As manifestações, que rapidamente se espalharam pelo mundo, deixaram 11 mortos e mais de 700 presos nas primeiras 24 horas.
A crise não se limitou ao território venezuelano. O governo rompeu relações diplomáticas com oito países da América Latina, incluindo Argentina, Chile e Peru, cujos líderes questionaram o resultado das eleições. O Brasil decidiu não reconhecer a vitória de Maduro e representou-se na posse por meio da embaixadora Gilvânia Oliveira.
Enquanto isso, protestos liderados por María Corina Machado tomaram Caracas e outras cidades. Durante uma das manifestações, a opositora foi detida por agentes do governo, mas liberada pouco depois. Em um vídeo nas redes sociais, Machado apareceu visivelmente abalada, afirmando que continuará lutando contra o regime.
Organizações internacionais, como a ONU, denunciaram crimes de lesa-humanidade cometidos pelo governo de Maduro, incluindo perseguições políticas e repressão violenta. A oposição promete seguir contestando o resultado e buscar formas de pressionar por mudanças no país.
A posse de Maduro, que deveria simbolizar continuidade, expôs ainda mais as divisões e incertezas que marcam o futuro da Venezuela.
Com informações G1